sábado, 6 de dezembro de 2014

As moedas de Lampião



As moedas de Lampião

Chapéu de Lampião
     No dia 28 de julho de 1938 o bando de Lampião acampou com seu bando na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5:15 do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o ofício e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.

     Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.

     O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.

     Entre os bens apreendidos estavam as roupas dos cangaceiros, que sempre eram muito ornamentadas. Uma peça tem destaque: o chapéu de lampião, que assim foi descrito: "De couro do tipo sertanejo, ornado em alto relevo em suas abas, com seis signos de Salomão; barbichado - de couro, com 46 cm de comprimento e ornado em ambos os lados com 55 (cinquenta e cinco) peças de ouro, de confecção variada, como sejam: botões para colarinho, para punhos e cartões tipo visita[...]; testeira - de couro com 4 cm de largura e 22 cm de comprimento, onde estão afixadas as seguintes moedas e medalhas: duas com a gravação "DEUS TE GUIE", duas libras esterlinas, uma moeda brasileira de ouro de 1885 com a efígie de D. Pedro II, e ainda duas brasileiras de ouro, respectivamente de 1776 e 1802." A base e as correias do chapéu de Lampião estavam carregadas de tal forma que um jornalista, descrevendo-as depois da morte do cangaceiro, diz que se tratava de uma verdadeira exposição numismática.

     Com base nessas informações é possível pressupor que as moedas que ornavam o chapéu de Lampião eram: 10.000 réis de 1885, duas libras esterlinas (não se sabe ao certo o ano), 6.400 ou 4.000 réis de 1776 (D. José I) e 6.400 ou 4.000 réis de 1802 (D. Maria I). Nenhuma dessas peças é muito rara, seu valor numismático é relativamente baixo visto que tem pelo menos 2 furos, mas é impossível não pensar em quantas outras moedas, talvez até peças nunca antes vistas, passaram pelas mãos dos cangaceiros, e mesmo quantas destas peças não foram furadas.








Um comentário:

  1. que artigo interessante. Parabens. Realmente ja tinha vontade de ter estas moedas... agora entao duplicou a vontade. So falta o din din... mas como nao sou como Virgulino nao vou por ai saqueando.. enquanto isso a gente junta... :D

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